domingo, 24 de abril de 2011

Domingo de Páscoa

Hoje é Domingo de Páscoa e não sei onde tu estás... Não sei se foste para o Alentejo com o teu avô, se ficaste com a tua avó em casa, se saíste com a tua avó e foste a casa de algum das tias... Não sei de nada... Não me é permitido saber de ti...

Recordo-me da tua primeira Páscoa. Tinhas cerca de 10 meses. Fomos passá-la como o já falecido bizavô do Alentejo, o teu avô e alguns dos irmãos dele. Foi uma Páscoa em paz e alegria.

Depois seguiram-se outras... Às vezes íamos a casa da tua avó Fernanda, outras vezes íamos visitar a tia Isabel... Éramos uma família normal e era assim que vivíamos.

Hoje, pelo segundo ano consecutivo estou a passar o Domingo de Páscoa sem ti, tal como já passei um Natal... Espero que estejas bem, que te estejas a divertir com os teus avós e tios... Para a tua mãezinha, infelizmente, já se acabou tudo. Vive tu, amor, que já não posso.

Já te pedi desculpas por ter sido tão ingénua quando disse que iria atrás de ti como o Marlin foi atrás do Nemo, como se soubesse que te iria encontrar como o Marlin encontrou o Nemo. Ainda continuo essa procura, amor, mas o oceano onde o Marlin procurava era feito pela Natureza e aquele em que a mãezinha navega é criado por homens... E os homens são muito mais crueis do que a Natureza... Além disso, o Marlin e o Nemo tiveram muitas ajudas: a Dori, o Casco, o grupo de tartarugas, o pelicano e os próprios peixes que estiveram no aquário com o Nemo. A mãezinha não tem ninguém a ajudá-la. E, como eu também já te disse, não é culpa das pessoas. Mas cada um tem as suas vidas, cada um tem os seus próprios problemas. Ao princípio, a mãezinha teve muitas manifestações de solidariedade... Depois, tudo foi passando para as pessoas... O rumo da vida vai correndo... É a ordem natural das coisas... Até o teu pai já parece conformado com a situação... Talvez porque estás com a família dele... Talvez porque é homem... Talvez porque... Não sei, amor... Sei é que me sinto sozinha... Tu eras o centro da minha vida, o motor que fazia com que tudo o resto funcionasse... Hoje estou sem ti e a vida está cada dia que passa mais triste e sufocante... Também a tua avó Maria Antónia ultrapassou... diz que o importante é que tu estejas bem... Eu não consigo conformar-me com esta situação de vida que não é vida. De que vale tudo o resto se te perdi? Claro que é reconfortante saber que estás bem... Mas também me dá que pensar o que estou eu a fazer nesta vida...

Uma Boa Páscoa para ti, filho, estejas tu onde estiveres e na companhia dos familiares que forem, que eu nem sei quem são. E vive, amor. Aproveita a vida que eu, o teu pai e Deus te oferecemos com todo o amor do mundo.

domingo, 10 de abril de 2011

A vida real é muito mais complicada... um dia compreenderás...

Há muito tempo que não escrevia para ti, querido filho. As palavras às vezes faltam-me e não consigo arranjá-las à medida dos meus sentimentos...

Desculpa, querido filho, desculpa se tenho sido fraca. Sei que te prometi que iria à tua procura como o Marlin foi à procura do Nemo. Mas como já te disse, o oceano onde o Nemo se perdeu e foi capturado era um oceano natural, um oceano feito pela natureza, onde existem coisas naturais. Infelizmente, o oceano em que tenho que lutar por ti é muito mais agreste, porque é constituido por pessoas, cidadãos... E, ao contrário do que se pensa, o ser humano é o animal mais irracional do mundo...

Além disso, amor... O Marlin teve ajudas na sua procura pelo Nemo: a Dori, o Casco, o pelicano (não me recordo do nome dele, desculpa) e a mãezinha está sozinha, amor. Neste caso, das ajudas, não quer dizer que as pessoas sejam piores do que os peixes. Mas o dia a dia das pessoas é muito agitado, as pessoas têm as suas próprias vidas, os seus próprios problemas, outros amigos que precisam de ajuda... Enfim... E à medida que o tempo vai passando, a vida delas vai continuando... A vida do ser humano é assim...

Actualmente, já toda a gente se esqueceu, ou pelo menos já não está chocado, a vida delas continuou porque não podiam deixar a vida delas para ajudarem a maezinha. Para as pessoas já passou... A mãezinha sente-se cada vez mais sozinha, perdida e fraca... Perdoa-me, amorzinho...