sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Como terá terminado este caso?

Nesta luta por ti, amor, sei que não somos só nós a ser vítimas de injustiça por parte dos tribunais de menores... quando implicam com uma criança, é dífícil dar-lhes a volta.

Hoje lembrei-me deste caso que vi há coisa de uma ano ou dois (talvez mais do que um, menos de dois) num programa matutino de tv. Fiquei chocada, ainda sem sonhar, nem nos meus pesadelos mais horríveis, que uma coisa destas nos fosse acontecer a nós.

Uma avó desesperada, cujo neto tinha estava para ser encaminhado para adopção, pedia por tudo para que não fosse e que lhe dessem a guarda do neto, pois ela, avó, estava ali cheia de amor e todas as outras condições para o receber.

O menino tinha menos de 2 anos e era filho de uma mãe com distúrbios psicológicos (maniaco-depressiva, que é praticamente o mesmo que bipolar), tinha sido acolhido numa instituição, por mais que a avó tenha tentado evitar. A avó tinha-o visitado sempre, dito sempre que queria a guarda dele e, a certa altura, tinham-lhe dito para deixar de visitá-lo porque ele iria para adopção. As palavras da técnica tinham sido frias: "O Seu neto é um bebé muito bonito e facilmente adoptável".

A senhora era funcionária de um hospital,com contrato permanente (ou seja, era efectiva) de onde tinha as melhores referências tanto a nível profissional como pessoal, pois já trabalhava lá havia alguns anos. Antes tinha trabalhado numa instituição de acolhimento de crianças e, recentemente, uma ex-colega dessa instituição tinha-lhe dito que tinham sido entregues duas crianças às avós e ela não percebia porque não lhe podiam entregar o neto a ela, pois tinha as melhores referências tanto do local de trabalho (o Hospital), como do anterior trabalho (a tal instituição). A mãe da criança entretanto, alheada do caso, tinha um novo companheiro e estava a viver em outra cidade. Também tinha testemunhos de muitas pessoas conhecidas, amigas e credíveis em como era uma pessoa idónea. Relamente, tinha todo o ar disso. Parecia até uma senhora culta, na casa dos 50 anos, bem apresentável...

Então ela dizia que estava farta de "desconversarem" e de sempre que ela pedia a guarda do neto lhe responderem que a filha era desequilibrada, tinha problemas psiquiátricos, etc e dizia firmemente "MAS NÃO É A MINHA FILHA! SOU EU! SOU EU QUE ESTOU A PEDIR A GUARDA DO MEU NETO! A MINHA FILHA ESTÁ LÁ NA VIDA DELA, COM O NOVO COMPANHEIRO! NÃO É A MINHA FILHA QUE ESTÁ A PEDIR A GUARDA DO FILHO! SOU EU QUE QUE ESTOU A PEDIR A GUARDA DO MEU NETO! SOU EU!"

Farta de só falarem dos problemas da filha, ela pediu de uma vez por todas, com firmeza, para deixarem de falar da filha e dissessem de uma vez o que havia contra ela, pois há tantas crianças entregues À guarda dos avós e queria saber porque é que ela não podia, o que havia contra ela, pois tinha as melhores referências e testemunhos sobre si. Então, tiveram os desplante de dizer que o que havia contra ela era o seu horário de trabalho, que era incompatível com a responsabilidade de criar uma criança. Por momentos, pensei que a senhora fizesse noites, trqabalhasse por turnos, enfim. Então, o apresentador do programa perguntou-lhe "Qual é o seu horário de trabalho, D. I.?" E a senhora respondeu, calmamente: "De Segunda a Sexta, das 8 Às 16"... Toda a plateia ficou chocada e houve quem abanasse a cabeça e até risse do ridículo. Então o apresentador disse: "Ó minha senhora, isso nem parece deste mundo! De Segunda a Sexta das 8 às 16?? Mas quantos pais não gostariam de te rum horário desses??? a senhora ainda ressalvou que havia um dia da semana que, excepcionalmente, saía Às 19, mas salvaguardou logo "Há um único dia na semana em que saio Às 19, mas não haveria qualquer problema, uma das minha irmãs podia, com todo o gosto, nesse dia ir buscá-lo À Cresce! São tias avós do meninos. E seria apenas um dia na semana"...

Lembro-me que fiquei chocada, tal como chocada estava toda a plateia e os apresentadores do programa. Que medo tinham de entregar aquela criança À avó??? Se ela se comprometia a ter todos os cuidados com o menino e tinha todas as provas de que era uma pessoa idónea, um emprego estável? horário de trabalho? Das 8 Às 16? Por favor, isso é anedótico, ainda por cima, sendo de Segunda a Sexta! quantos pais gostariam de ter um horário destes???

Teriam medo que a criança um dia viesse a conviver com a mãe, mas a avó garantiu que a mãe não era uma pessoa perigosa, apenas doente e desligada, além de que ela sabia como lidar com a filha e sabia que iria sempre ter o neto em primeiro lugar. Ainda por cima, a filha vivia noutra cidade, com um novo companheiro, estava medicada e controlada. No máximo, poderia vir a ter na vida do filho a imagem de uma tia ou d euma prima. A avó parecia uma pessoa forte, determinada e segura. A luta era da avó, ela nem estava metida nisso...

De vez em quando interrogo-me como terá terminado este caso. Espero do fundo do coração que esse menino esteja ao lado da avó que mostrou amá-lo incondicionalmente e ter excelentes condições a todos os níveis para criar o neto...

Que terá sido feito desta criança?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Foi tudo um sonho...

Tínhamos um quarto tão bonito preparado para ti, amor. O roupeiro está cheio de roupinhas para ti e pelos móveis há fotografias tuas. Um quarto com uma varanda. Um quarto amplo, espaçoso. Estavamos todos À tua espera. Tinhas uma escola a 100 ou 150 metros de casa. Eu, o teu pai e a tua avó mudamos para esta casa, na esperança de te receber. Falavamos no dia em que tu ias voltar e te faríamos uma festa de boas vindas. Sonhavamos com esse dia, que esperavamos para breve. A mãezinha já se tinha informado na escola sobre se havia uma vaga para ti. Mas desde o dia em os paizinhos falaram com a directora do sítio onde tu estás, luz da minha vida, percebemos que a decisão estava tomada e que não havia mais nada a fazer.

Agora resta-nos uma vida de escuridão. Uma vida morta, sem ti. Uma vida sem vida, sem amanhã, sem nada. Foi tudo uma ilusão. Afinal, de que nos serviu arrendar esta casinha sem ti ao nosso lado? da nada, amor... só espero que saibas que te amo muito e o teu paizinho também, que daríamos a nossa vida para tu estares só uns dias aqui connosco, como uma família normal... Depois, a nossa vida poderia acabar e tu já ficarias com os teus avós... mas antes queríamos que conhecesses o quartinho que preparamos para ti com tanto amor e carinho e que nem sequer te deixaram conhecer...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Acabou-se tudo para nós, querido filho...

Eu sei, querido filho. Eu sei que te prometi que iria atrás de ti como o Marlin foi atrás do Nemo. Prometi-te que conseguiria. Perdoa-me por não ter conseguido chegar a ti e ter deixado que te levassem. Esqueci-me, amor, de que o mar que o Marlin atravessou era o oceano criado pela vida, pela natureza. Um ambiente natural em que as coisas são equilibradas e os seres pertencem ao seu lugar natural, onde acabam sempre por chegar. O nosso oceano é diferente, amor. O nosso oceano é fomado pela espécie mais maligna e mais severa e impiedosa que há no globo terrestre: o Homem, espécie À qual, nós, infelizmente pertencemos e onde há mostros piores do que os tubarões e outros perigos do oceano natural...

Quando chegamos a decisão estava tomada, amor. Nem sequer quiseram saber das provas que apresentamos. Disseram-nos que ou assinavamos um acordo "amigável" para tu seres criado pelos teus avós paternos até à maioridade ou ias imediatamente para adopção e, então, nunca mais te veríamos, pois o caso ia a julgamento e, não lhes parecia que ele nos fosse favorável e tu irias imediatamente para adopção e nada mais haveria a fazer. Um dia, explico-te, amor, que isto foi só para que nós não pudessemos recorrer nem fazer nada, visto que assinámos em como estavamos de acordo. Agora, amor, memso que os paizinhos quisessem recorrer ou comunicar o caso à comunicação social, não podiam, porque assinaram um papel. Foram, literalmente chantageados para isso. Porque um dia vais perceber. O que é isto? Se nós não assinassemos tu ias para adopção, já nem haveria a hipótese dos teus avós. Ora, que culpa teriam os teus avós de nós não assinarmos?? Não continuavam a ser os avós que são? Não continuavam a ser as mesmas pessoas? Claro que sim. Só que, nesse caso, nós poderíamos recorrer e assim não podemos, porque assinamos. Debaixo de chantagem, amor.

Agora, os paizinhos vão ser obrigados a ter consultas de psiquiatria periódicas e daí vão sair os relatórios sobre as nossas visitas a ti.

A partir do dia 17 de Dezembro, data em que irás ser entregue aos teus avós, só poderemos ter uma visita quinzenal contigo numa associação que nem sabemos onde é. Imagina, o teu pai, que visitava os pais dele sempre que lhe apetecia, agora nem pode visitá-los porque tu estás lá a viver. Não poderemos telefonar-te. Nunca.

Depois de passados dois meses, amor, se nós fizermos tudo direitinho como eles querem, calminhos, de orelhas baixas, poderemos, eventualmente ter uma visita semanal contigo até tu atingires a maioridade...

Que vida é esta, filho? Que mal fizemos nós? De que nos acusam?

Somos tão ingénuos que chegamos a pensar que, caso fosses entregue aos teus avós paternos te poderíamos visitar sempre que quisessemos. Ouviamos falar em visitas programadas, mas pensamos que era entre ex-casais, pois normalmente, as pessoas não frequentam assim naturalmente a casa da ex-mulher ou do ex-marido, até porque as relações nme costumam ser muito amigáveis... Agora assim??? Um filho nem pode visitar os pais porque tem o filho dele lá a viver? em que mundo vivemos?

Adeus, amor, a mãezinha não sabe se aguenta...

domingo, 7 de novembro de 2010

Não culpes a vida...

Não culpes a vida, filho. Não culpes a vida, por favor. Culpa os homens, culpa a sociedade, culpa a (in)justiça dos nossos tribunais. Mas nunca culpes a vida. E, u não culpo a vida. Quem tem de culpar a vida são pais de crianças que morrem permaturamente ou que adoecem. Sim, filho, isso é mais grave. Até À data, estás vivo e com saúde, pelo menos fisicamente. Claro que é mais grave. Agradeço todos os dias à vida por estares vivo, por teres saúde, por sorrires, ainda... Sei que temos sorte com a vida, muito mais sorte do que aquelas famílias a quem a vida arranca os seres mais precisoso: os seus filhos. Porém, contra as leis da vida, da natureza, de Deus, ou como lhe queiram chamar, não há quem tenha poderes. Não há de quem se possa reclamar. Não há culpados visíveis, materilizados. As pessoas só podem revoltar-se contra o infinito, o desconhecido, o vazio...

No nosso caso, o que te aconteceu, a nossa separação, tem culpados visíveis, materiais, e (des)umanos. Dá para dizer que não bastam já as atrocidades da vida, ainda o ser humano tem que ser cruel e fazer mais atrocidades pelas próprias mãos. Ora, não bastariam já as tristezas contra as quais ninguém consegue fazer nada?

Neste caso, amorzinho, a vida não teve culpa. Nunca cupes a vida. Culpa os homens, culpa a injustiça, mas nunca a vida, meu amor.

Uma mulher eternamente amargurada...

Não tenho vindo aqui, talvez porque deixei de ser uma mulher eternamente apaixonada, para ser uma mulher eternamente amargurada. Amanhã tenho uma udiência para a qual vou com poucas esperanças e dias depois saberei a decisão, que não será, pelo que prevemos, favorável para nós.

A institucionalização de crianças, em primeiro lugar, devai ser sempre, mas sempre o último recurso. Aliás, é isso que e Lei de Protecção de Crianças e Jovens prevê. Primeiro que tudo, há o apoio junto dos pais, depois há o apoio junto de outros familiares (tios, avós). As medidas seguites só seriam aplicadas no caso de crinças que não tivessem ninguém "capaz" dentro da família, ou mesmo as que não tivessem ninguém (tipo uma criança cujos pais faleceram os dois ou são dois delinquentes, não têm tios e os avós já são demasiado idosos para as receber, mesmo com apoio social). Depois, mesmo para essas crianças, ainda existem outras hipóteses, antes da institucionalização, que é o caso das famílias de acolhimento ou dos padrinhos civis (que, ao fim e ao cabo, são famílias de acolhimento, só que lhes é dado uma designação menos fria, mais familiar. Há mointes de casais que se oferecem, não para adoptar, mas para serem padrinhos civis, não perdendo a criança os laços nem o contacto com a família biológica, como aconteceria no caso de ser adoptada. Isto é benéfico, por exemplo, no caso dos avós ou bisavós idosos, que nunca mais saberiam da criança, se fosse adoptada e assim podem acompanhar o crescimento dela até onde puderem). A institucionalização de uma criança devia ser o último recurso e, pela Lei, ela é. Só que as autoridades responsáveis estão-se borrifando para andar À procura de soluções que dão mais trabalho e vaõ directamente para a alínea f), que é a institucionlização. É fácil, é só pegar neles como quem pega num porco que vai para a matança ou para ser capado e metê-los numa instituição.

Porque por muito boa que seja uma instituição a nível de infraestruturas e pessoal, é sempre isso mesmo: o último recurso (não deve ser à toa que o Refúgio Aboím Ascenção se chama Refúgio). A nível de pessoal, como qualquer outra organização pública ou privada, o pessoal é sempre menos do que seria necessário, pois o lema no nosso país (e nos outros deve ser igual) é fazer muitas omeletes com poucos ovos. Por isso é que os meus telefonemas para o meu filho tÊm que ser Às 9 da noite, que é à hora a que os miúdos vão para a cama, já que tem que estar sempre alguém ao pé da criança que está ao telefone e, como os outros já estão deitados, é mais fácil (esta hora, costuma ser a mais usada para as patifarias, pois a auxiliar de serviço está ao pé do telefone e a que resta, deve de andar para ali e não há-de estar em todos os sítios ao mesmo tempo)

Como é que alguém pode achar que viver numa instituição é benéfico para uma criança? eu acho que é mesmo só o último recurso, para não estarna rua. Ora, já imaginaram o que é 15, 20, 30 crinças sempre juntas 24 horas por dia?? Nós, que somos adultos, ou adolescentes, por vezes, depois de 6 ou 7 horas com os nossos colegas de escola ou de trabalho já não "os podemos ver", queremos é sair dali e ir para casa. Agora imagine-se crianças. Vejam o Secret Story. Um grupo de adultos 24 horas juntos sem sairem dali... Agora imaginem crianças... E depois, as senhoras funcionárias, que não querem fazer nada (ou não podem fazer mais) queixam-se de que eles fazem patifarias, se zangam uns com os outros e etc... Ora, se fosse diferente é que eu me admirava! em tempo de aulas, ainda vão À escola, mas alguns pertencem À mesma escola e À mesma turma... E em tempo de férias (o meu filho passou lá as férias de Verão) estão 24 horas por dia juntos. Será saudável? eu não me parece. A mim parece-me o último recurso, o último refúgio, a última coisa a fazer. E é isso que a Lei prevê.

Em segundo lugar, as instituições (quando não há outro recurso) deviam ser por faixas etárias. Onde o meu filho está, estão crianças dos 0 aos 12 anos, até há uma que tem 14, mas permanece lá, para não ser separada do irmão, o que até é estranho porque têm separado tantos, mas isso é outra história. Ora, com esses meninos de 12 anos o meu filho tem aprendido coisas graves para a idade dele, tais como ler revistas pornográficas. É verdade que nas escolas (ainda mais nas escola actuais em que muitas vezes vão desde o Primeiro ciclo ao 12º) as crinças convivem com miúdos de todas as idades, mas isso é diferente, isso são umas horas, durante os intervalos e depois voltam para casa, para a família. Uma criança de 5 ou 6 anos também pode ter um irmão de 15 ou 16, mas isso também é diferente, é a família e estão lá os pais.

Ser legal uma instituição onde vivem juntas crianças de 5 anos com adolescentes de 15 é grave! Mesmo sem falar de casos gravissimos como este, de abuso sexual, sabe-se que os mais velhos batem nos mais novos se não lhe fizerem favores (como roubar) e coisas do género. Sei-o eu.