sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ainda recordo aquele dia com um sorriso...

Eu tinha ido com o teu pai a uma consulta de rotina com o Dr. Camacho... Tinha um atraso de quase uma semana, mas achava que era qualquer coisa relacionada com a mudança de temperatura, pois estávamos em Outubro...9 de Outubro... Eu teinha deixado a pílula propositadamente, mas não pensei que já viesses aí, mesmo tendo aquele atraso, ainda que o desejasse.. Porque eu tinha sempre ouvido falar em enjoos, azia, vómitos, tonturas... E eu não tinha nada disso, mas mesmo nada... Por isso, achava que não podia ser...

A certa altura, resolvi perguntar ao Dr. Camacho, pelo sim, pelo não: "Ó doutor, é possível estar grávida sem sintomas nenhuns?". ele sorriu e respondeu-me: "Em princípio, não, mas se quiaseres, eu chamo já uma enfermeira e fazes um teste"... Um pouco esperançada e, ao mesmo tempo com medo perguntei "e quando é que sei o resultado?" ele respondeu: "Agora. É uma questão de 5 minutos e sabes." ele chamou a enfermeira e feiz o teste... Depois esperei, 5, 6 minutos... O dr. camacho foi fazer outra coisa qualquer e a enfermeira chamou-me com um sorriso e olhou-me nos olhos "Está positivo:" Eu fiquei radiante. O teu pai ficou sem palavras. Abrçou-me e disse "Estou tão contente"... O dr. Camacho passou, entretanto pelo corredor e perguntou: "Então? O João vai ser pai ou não?" Sorridente, a enfermeira disse "Sim, vai. Está positivo... ela diz que tem uma semana de atraso, portanto deve ter umas 5 semanas".. Então o Dr. Camacho ainda disse: "Ah, pronto... como ela me tinha dito que não tinha sintoma nenhum"... Depois eu expliquei-lhe que me referia a enjoos, tonturas, azias, desejos por comidas estranhas, vómitos... E ele disse: "ah, mas isso é normal, Nem todas as mulheres têm. O sintoma mais evidente é a falta de menstruação"... Depois ele perguntou: "Queres ser seguida aqui?" , eu perguntei "É possível? Como eu não sou utente.." e ele respondeu "Claro que é possível. Temos cá uma boa obstetra"

Eu e o teu pai voltamos para casa radiantes, cheios de planos e sonhos... como é que alguém tem o direiro de acabar com esta felicidade tão grande que comecou nesse dia?

Não há perdão, amorzinho...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Como podes dizer que está tudo bem?

Pode parecer egoista da minha parte, querido filho... Mas custa-me ouvir-te dizer que estás bem, que está tudo bem na tua vida... Como podes achar normal a vida que tens, amor? Como podes dizer aos pais que tens saudades deles, mas que estás bem? Parece que te conformaste muito depressa... Afinal, a nossa vida juntos não passou de uma mentira? O que é que te estão a meter na cabeça? que ideia te dão de família? Será que te dizem que é normal as crianças da tua idade viverem assim no meio de 20 crianças com 3 ou 4 adultos desconhecidos a olhar por elas? Uma vez vi uma reportagem de um pais do Terceiro Mundo em que crianças muito pequeninas trabalhavam em fábricas de fazer tijolos... E elas estavam convencidas de que no mundo inteiro todas as crianças faziam aquele trabalho e que era normal aquela vida... Será que também te dizem a ti que todas as crinaças vivem assim como tu? mas como podes tu achar que é verdade? Tu tinhas 6 anos quando te levaram de nós, amorzinho... Será que apagaram da memória tudo isso que vivemos? Que ideia tens tu de uma família? Queria perguntar-te isso directamente, mas tenho medo da censura... E vivo sufocada... Estão a manipular-te... Tu não te lembras que quando vivias connosco todos os teus colegas da escola viviam com a família? Não vivem com a família a maioria dos teus colegas da escola onde andas agora? Então porque achas tão normal essa vida que vives?

terça-feira, 11 de maio de 2010

E se adoeceres?

Por enquanto, filhinho, tens estado saudável, como aliás, tens sido a vida inteira, para inveja de muita gente... Mas e se adoeceres? Se por acaso ficares doente, mesmo ques eja com uma simples gripe ou gastroentrite, o que acontece... E se eu souber? Como me sentirei a saber que não posso estar ao pé de ti para te verificar a temperatura, para te dar a medicação se for caso disso, para te acarinhar, para enfim, estar ao pé de ti, para saber como estás a qualquer momento? Será que essas pessoas que te roubaram não pensam que uma mãe pensa nestas coisas?

sábado, 8 de maio de 2010

Sonhei ser mãe....

Sim, filho, eu sonhei ser mãe... Sonhei levar-te à escola todos os dias até teres idade e maturidade suficiente para ir sozinho. Sonhei acompanhar os teus estudos, ajudar-te nos trabalhos de casa. Saber a tua avaliação na escola. Ir às festas da escola contigo... Durante os dois anos de Jardim de InfÂncia e três meses do primeiro ano ainda me foi condecido por Deus esse previlégio. Agora estás longe de mim. Tens como encarregado de educação uma pessoa desconhecida. Alguém que não te conhece. Não sabe as tuas capacidades, as tuas qualidades e as tuas reais dificuldades. Era eu que devia de estar a acompanhar o teu desenvolvimento a todos os níveis. Por maldade, não me deixaram... Não me deixaram ser mãe... E para todas as pessoas o que aconteceu já passou... Para mim não consigo que passe...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Como pode a tua avó falar assim?

Meu amorzinho... Os paizinhos estão cada vez mais sozinhos... Para as outras pessoas já passou... Todos nos dizem que temos de nos conformar e que a nossa vida tem que continuar... Eu não consigo aceitar tal coisa... Não consigo conformar-me... Roubaram-me o tesouro da minha vida... Eu vejo-te cada vez mais distante... Para ti as coisas têm melhorado... Estás mais conformado... Para nós não passa... Começo a pensar se serei diferente das outras pessoas... Todos me dizem que estou a exagerar nesta minha dor... Mas eu não consigo que seja diferente... Há bocadinho a tua avó Fernanda telefono-me e disse, com um ar todo fresquinho "Parece que estás triste..." Eu, tristemente respondi: "Então quer que esteja alegre, como é que eu posso estar alegre?" e ela voltou a dizer toda fresquinha "Mas a vida tem que continuar!!!" A maezinha respondeu ainda "Para mim não continua... Eu não consigo" Mas ela continuava fria "Ele está lá bem. Eu acho! ele está lá muito bem! eu ontem fui vê-lo e achei-o bem! E tu tens que te conformar. A vida tem que continuar! Então e se ele morresse? Se ele morresse, como o filho da minha irmã morreu? Quer dizer que se ele morresse matavas-te também, não?" Ainda respondi, numa voz meio-trémula: "O meu filho está lá sem o carinho dos pais, sem uma família. É isso que vocês acham que..." Mas ela interrompeu-me e disse simplesmente: "Olha, para o caceta! Tachau!!!" e desligou o telefone...

Eu preferia que tu estivesses com ela do que numa instiuição onde és visto como um número e não como uma pessoa. Ao menos, estarias com a tua família... Mas ela, embora esteja disposta a receber-te está naquela de "Se ele vier vem, se não vier, não vem"... Assim, não vejo maneira de voltares para o seio da nossa família... Não vejo saída... Não vejo luz ao fundo do túnel... E vejo-te cada vez mais longe... :(

terça-feira, 4 de maio de 2010

Que ideia tem aquela gente de família?

No Domingo foi o Dia da Mãe... Estive no site de uma senhora que tem a filha instiutcinalizada e se queixa (e com razão) por só lhe terem deixado passar duas horas com a filha num parque longe da instituição... Mas o que direi eu que nem um minuto a mais no meu telefonema tive? E só tive o telefonema porque era Domingo e todos os Domingos tenho direito ao telefonema... Eu e o pai... Nem um desenho tiveste direito a fazer para mim, amorzinho... Quando te prguntei ao telefone, a senhora que estava ao pé de ti falou friamente "Qual mãe nem mãe? ele não tem tempo para fazer os trabalhos de casa tem para fazer coisas para a mãe!!!" Ontem na visita, voltei a perguntar e, mais uma vez tive a resposta fria de que não há tempo para fazer cá coisas para o dia da mãe... mas que pessoas são estas?? A culpa não é tua, fofinho. Como é que não havia tempo para te incentivarem a fazer um desenho?? Tu gostas tanto de fazer desenhos, amor. Querem tirar-te todos os valors de família, toda a importância que a família tem na tua vida. Desvalorizaram o "Dia da Mãe" com um desprezo incrível... Não deram importância... Que gente é essa, filho?

domingo, 2 de maio de 2010

Dia da mãe...

Este está a ser o dia da mãe mais triste que estou a passar, meu querido filho... Desde que acordei até agora não consigo pensar em como te queria ter aqui comigo... Não só hoje, mas todos os dias, porque ser mãe é isso: estar sempre presente. Infelizmente, a vida não é justa e tiraram-te de mim sem dó nem piedade... Tu pareces estar adaptado, mas eu não... Nem consigo estar... O golpe foi muito duro... Nós éramos uma família feliz que a injustiça desfez... A nossa casa está vazia... Eu não consigo arrumá-la... Não consigo limpá-la... Não consigo sequer pensar na pessoa que fui... Porque antes de ser pessoa, eu era mãe... E agora já não sou... AMO-TE FILHO.