quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Que alegria seria, meu anjinho...

No próximo dia 17 serás efectivamente entregue À tua avó Fernanda, porque assim foi a decisão de uma juíza sem coração, sem sentimentos. Que alegria seria, meu amor, se tivesse sido essa a data determinada para nos seres entregue a nós, teus paizinhos, que te adoram. A esta hora estariamos a acabar de preparar a casa para te receber, ansiando essa data, para passares o Natal connosco, nesta casa que arrendamos para viveres connosco e onde irias passar a viver. Infelizmente, não nos deixaram ser pais. Não nos deixaram ensinar-te os valores que tanto queriamos ensinar. Assim vais viver a vida fútil e baseada em aparências, aprender esses costumes fúteis que comandam a vida da tua avó e da família dela. Uma família que vai jantar e almoçar fora todas as semanas duas ou trÊs vezes, mas que há anos têm o bidé da casa de banho avariado... Essa família que exibe telemóveis topo de gama e nunca tem saldo para telefonar... Apenas dois exemplos, que exemplificam bem os valores que te vão ser ensinados...

O teu pai quer fazer árvore de Natal... Não sei para quê... Tu nem sequer vais poder conhecer a casa que os teus paizinhos arrendaram, na esperança de que viesses para junto de nós... Ias gostar tanto dela...

Espero que um dia, venhas a concordar connosco e reconheças que aquilo que nos fizeram foi das maiores injustiças de todos os tempos... Amo-te, querido filho, razão da minha vida...

Faz hoje um ano, amor...

Há um ano a esta hora estavamos a fazer os dois a nossa Árvore de Natal, querido filho. Lembro-me de ti muito eufórico e de eu ir várias vezes ao bazar ao fim da rua comprar fita adesiva para forrar a coluna e a tábua para servir de base. Nunca vi fita adesiva tão fraca, partia-se toda... Na cama, o teu pai lamentava-se por estar de folga a um dia feriado, pois aos feriados a remuneração triplicava... mas olha... tinha calhado estar de folga... A tua avó ia dando palpites... Nunca estava bem para ela... Ou estavam demasiadas bolas amarelas juntas, ou estavam poucas... ela é assim... e nós riamos os dois... Tu estavas todo feliz com a nossa árvore de Natal... Se me tivessem dito que seria a nossa última Árvore de Natal juntos, eu acho que teria tido morte imediata... Eu era exigente... voltava ao bazar para comprar mais bolas, mais fitas... foi difícil colocar a estrela porque era demasiado pesada e vergava o arame do ramo... Foi preciso colocar um reforço, para ela se aguentar... E a mãezinha estava tão contente, lembras-te? E tu dizias que eu era bonita... Era muito vaidosa a mãezinha naquela altura, lembras-te, amor?

Um anos depois, tudo perdeu o sentido... Nem posso ver enfeites de Natal, que o meu coração chora... Nem nessa noite, nme nesse dia vou poder estar contigo... Adorava que adormecesses nos meus braços como tu gostavas... Tão meiguinho, tão fofinho, tão lindo que tu eras... Adorava ficar a acariciar-te enquanto dormias... Adorava a nossa vida... Adoro-te, amorzinho lindo... E o teu futuro preocupa-me mais do que nunca...Tiraram-me tudo... Acabou-se a piscina... Acabaram-se as leituras... Acabou-se a vaidade... acabaram-se as roupas giras de que gostava... As maquilhagens da mãezinha foram postas dentro de um saco de plástico e lançadas nem sei para onde... E o Natal também deixou de existir... Porque a força motora disso tudo eras tu, meu querido filho...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Como terá terminado este caso?

Nesta luta por ti, amor, sei que não somos só nós a ser vítimas de injustiça por parte dos tribunais de menores... quando implicam com uma criança, é dífícil dar-lhes a volta.

Hoje lembrei-me deste caso que vi há coisa de uma ano ou dois (talvez mais do que um, menos de dois) num programa matutino de tv. Fiquei chocada, ainda sem sonhar, nem nos meus pesadelos mais horríveis, que uma coisa destas nos fosse acontecer a nós.

Uma avó desesperada, cujo neto tinha estava para ser encaminhado para adopção, pedia por tudo para que não fosse e que lhe dessem a guarda do neto, pois ela, avó, estava ali cheia de amor e todas as outras condições para o receber.

O menino tinha menos de 2 anos e era filho de uma mãe com distúrbios psicológicos (maniaco-depressiva, que é praticamente o mesmo que bipolar), tinha sido acolhido numa instituição, por mais que a avó tenha tentado evitar. A avó tinha-o visitado sempre, dito sempre que queria a guarda dele e, a certa altura, tinham-lhe dito para deixar de visitá-lo porque ele iria para adopção. As palavras da técnica tinham sido frias: "O Seu neto é um bebé muito bonito e facilmente adoptável".

A senhora era funcionária de um hospital,com contrato permanente (ou seja, era efectiva) de onde tinha as melhores referências tanto a nível profissional como pessoal, pois já trabalhava lá havia alguns anos. Antes tinha trabalhado numa instituição de acolhimento de crianças e, recentemente, uma ex-colega dessa instituição tinha-lhe dito que tinham sido entregues duas crianças às avós e ela não percebia porque não lhe podiam entregar o neto a ela, pois tinha as melhores referências tanto do local de trabalho (o Hospital), como do anterior trabalho (a tal instituição). A mãe da criança entretanto, alheada do caso, tinha um novo companheiro e estava a viver em outra cidade. Também tinha testemunhos de muitas pessoas conhecidas, amigas e credíveis em como era uma pessoa idónea. Relamente, tinha todo o ar disso. Parecia até uma senhora culta, na casa dos 50 anos, bem apresentável...

Então ela dizia que estava farta de "desconversarem" e de sempre que ela pedia a guarda do neto lhe responderem que a filha era desequilibrada, tinha problemas psiquiátricos, etc e dizia firmemente "MAS NÃO É A MINHA FILHA! SOU EU! SOU EU QUE ESTOU A PEDIR A GUARDA DO MEU NETO! A MINHA FILHA ESTÁ LÁ NA VIDA DELA, COM O NOVO COMPANHEIRO! NÃO É A MINHA FILHA QUE ESTÁ A PEDIR A GUARDA DO FILHO! SOU EU QUE QUE ESTOU A PEDIR A GUARDA DO MEU NETO! SOU EU!"

Farta de só falarem dos problemas da filha, ela pediu de uma vez por todas, com firmeza, para deixarem de falar da filha e dissessem de uma vez o que havia contra ela, pois há tantas crianças entregues À guarda dos avós e queria saber porque é que ela não podia, o que havia contra ela, pois tinha as melhores referências e testemunhos sobre si. Então, tiveram os desplante de dizer que o que havia contra ela era o seu horário de trabalho, que era incompatível com a responsabilidade de criar uma criança. Por momentos, pensei que a senhora fizesse noites, trqabalhasse por turnos, enfim. Então, o apresentador do programa perguntou-lhe "Qual é o seu horário de trabalho, D. I.?" E a senhora respondeu, calmamente: "De Segunda a Sexta, das 8 Às 16"... Toda a plateia ficou chocada e houve quem abanasse a cabeça e até risse do ridículo. Então o apresentador disse: "Ó minha senhora, isso nem parece deste mundo! De Segunda a Sexta das 8 às 16?? Mas quantos pais não gostariam de te rum horário desses??? a senhora ainda ressalvou que havia um dia da semana que, excepcionalmente, saía Às 19, mas salvaguardou logo "Há um único dia na semana em que saio Às 19, mas não haveria qualquer problema, uma das minha irmãs podia, com todo o gosto, nesse dia ir buscá-lo À Cresce! São tias avós do meninos. E seria apenas um dia na semana"...

Lembro-me que fiquei chocada, tal como chocada estava toda a plateia e os apresentadores do programa. Que medo tinham de entregar aquela criança À avó??? Se ela se comprometia a ter todos os cuidados com o menino e tinha todas as provas de que era uma pessoa idónea, um emprego estável? horário de trabalho? Das 8 Às 16? Por favor, isso é anedótico, ainda por cima, sendo de Segunda a Sexta! quantos pais gostariam de ter um horário destes???

Teriam medo que a criança um dia viesse a conviver com a mãe, mas a avó garantiu que a mãe não era uma pessoa perigosa, apenas doente e desligada, além de que ela sabia como lidar com a filha e sabia que iria sempre ter o neto em primeiro lugar. Ainda por cima, a filha vivia noutra cidade, com um novo companheiro, estava medicada e controlada. No máximo, poderia vir a ter na vida do filho a imagem de uma tia ou d euma prima. A avó parecia uma pessoa forte, determinada e segura. A luta era da avó, ela nem estava metida nisso...

De vez em quando interrogo-me como terá terminado este caso. Espero do fundo do coração que esse menino esteja ao lado da avó que mostrou amá-lo incondicionalmente e ter excelentes condições a todos os níveis para criar o neto...

Que terá sido feito desta criança?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Foi tudo um sonho...

Tínhamos um quarto tão bonito preparado para ti, amor. O roupeiro está cheio de roupinhas para ti e pelos móveis há fotografias tuas. Um quarto com uma varanda. Um quarto amplo, espaçoso. Estavamos todos À tua espera. Tinhas uma escola a 100 ou 150 metros de casa. Eu, o teu pai e a tua avó mudamos para esta casa, na esperança de te receber. Falavamos no dia em que tu ias voltar e te faríamos uma festa de boas vindas. Sonhavamos com esse dia, que esperavamos para breve. A mãezinha já se tinha informado na escola sobre se havia uma vaga para ti. Mas desde o dia em os paizinhos falaram com a directora do sítio onde tu estás, luz da minha vida, percebemos que a decisão estava tomada e que não havia mais nada a fazer.

Agora resta-nos uma vida de escuridão. Uma vida morta, sem ti. Uma vida sem vida, sem amanhã, sem nada. Foi tudo uma ilusão. Afinal, de que nos serviu arrendar esta casinha sem ti ao nosso lado? da nada, amor... só espero que saibas que te amo muito e o teu paizinho também, que daríamos a nossa vida para tu estares só uns dias aqui connosco, como uma família normal... Depois, a nossa vida poderia acabar e tu já ficarias com os teus avós... mas antes queríamos que conhecesses o quartinho que preparamos para ti com tanto amor e carinho e que nem sequer te deixaram conhecer...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Acabou-se tudo para nós, querido filho...

Eu sei, querido filho. Eu sei que te prometi que iria atrás de ti como o Marlin foi atrás do Nemo. Prometi-te que conseguiria. Perdoa-me por não ter conseguido chegar a ti e ter deixado que te levassem. Esqueci-me, amor, de que o mar que o Marlin atravessou era o oceano criado pela vida, pela natureza. Um ambiente natural em que as coisas são equilibradas e os seres pertencem ao seu lugar natural, onde acabam sempre por chegar. O nosso oceano é diferente, amor. O nosso oceano é fomado pela espécie mais maligna e mais severa e impiedosa que há no globo terrestre: o Homem, espécie À qual, nós, infelizmente pertencemos e onde há mostros piores do que os tubarões e outros perigos do oceano natural...

Quando chegamos a decisão estava tomada, amor. Nem sequer quiseram saber das provas que apresentamos. Disseram-nos que ou assinavamos um acordo "amigável" para tu seres criado pelos teus avós paternos até à maioridade ou ias imediatamente para adopção e, então, nunca mais te veríamos, pois o caso ia a julgamento e, não lhes parecia que ele nos fosse favorável e tu irias imediatamente para adopção e nada mais haveria a fazer. Um dia, explico-te, amor, que isto foi só para que nós não pudessemos recorrer nem fazer nada, visto que assinámos em como estavamos de acordo. Agora, amor, memso que os paizinhos quisessem recorrer ou comunicar o caso à comunicação social, não podiam, porque assinaram um papel. Foram, literalmente chantageados para isso. Porque um dia vais perceber. O que é isto? Se nós não assinassemos tu ias para adopção, já nem haveria a hipótese dos teus avós. Ora, que culpa teriam os teus avós de nós não assinarmos?? Não continuavam a ser os avós que são? Não continuavam a ser as mesmas pessoas? Claro que sim. Só que, nesse caso, nós poderíamos recorrer e assim não podemos, porque assinamos. Debaixo de chantagem, amor.

Agora, os paizinhos vão ser obrigados a ter consultas de psiquiatria periódicas e daí vão sair os relatórios sobre as nossas visitas a ti.

A partir do dia 17 de Dezembro, data em que irás ser entregue aos teus avós, só poderemos ter uma visita quinzenal contigo numa associação que nem sabemos onde é. Imagina, o teu pai, que visitava os pais dele sempre que lhe apetecia, agora nem pode visitá-los porque tu estás lá a viver. Não poderemos telefonar-te. Nunca.

Depois de passados dois meses, amor, se nós fizermos tudo direitinho como eles querem, calminhos, de orelhas baixas, poderemos, eventualmente ter uma visita semanal contigo até tu atingires a maioridade...

Que vida é esta, filho? Que mal fizemos nós? De que nos acusam?

Somos tão ingénuos que chegamos a pensar que, caso fosses entregue aos teus avós paternos te poderíamos visitar sempre que quisessemos. Ouviamos falar em visitas programadas, mas pensamos que era entre ex-casais, pois normalmente, as pessoas não frequentam assim naturalmente a casa da ex-mulher ou do ex-marido, até porque as relações nme costumam ser muito amigáveis... Agora assim??? Um filho nem pode visitar os pais porque tem o filho dele lá a viver? em que mundo vivemos?

Adeus, amor, a mãezinha não sabe se aguenta...

domingo, 7 de novembro de 2010

Não culpes a vida...

Não culpes a vida, filho. Não culpes a vida, por favor. Culpa os homens, culpa a sociedade, culpa a (in)justiça dos nossos tribunais. Mas nunca culpes a vida. E, u não culpo a vida. Quem tem de culpar a vida são pais de crianças que morrem permaturamente ou que adoecem. Sim, filho, isso é mais grave. Até À data, estás vivo e com saúde, pelo menos fisicamente. Claro que é mais grave. Agradeço todos os dias à vida por estares vivo, por teres saúde, por sorrires, ainda... Sei que temos sorte com a vida, muito mais sorte do que aquelas famílias a quem a vida arranca os seres mais precisoso: os seus filhos. Porém, contra as leis da vida, da natureza, de Deus, ou como lhe queiram chamar, não há quem tenha poderes. Não há de quem se possa reclamar. Não há culpados visíveis, materilizados. As pessoas só podem revoltar-se contra o infinito, o desconhecido, o vazio...

No nosso caso, o que te aconteceu, a nossa separação, tem culpados visíveis, materiais, e (des)umanos. Dá para dizer que não bastam já as atrocidades da vida, ainda o ser humano tem que ser cruel e fazer mais atrocidades pelas próprias mãos. Ora, não bastariam já as tristezas contra as quais ninguém consegue fazer nada?

Neste caso, amorzinho, a vida não teve culpa. Nunca cupes a vida. Culpa os homens, culpa a injustiça, mas nunca a vida, meu amor.

Uma mulher eternamente amargurada...

Não tenho vindo aqui, talvez porque deixei de ser uma mulher eternamente apaixonada, para ser uma mulher eternamente amargurada. Amanhã tenho uma udiência para a qual vou com poucas esperanças e dias depois saberei a decisão, que não será, pelo que prevemos, favorável para nós.

A institucionalização de crianças, em primeiro lugar, devai ser sempre, mas sempre o último recurso. Aliás, é isso que e Lei de Protecção de Crianças e Jovens prevê. Primeiro que tudo, há o apoio junto dos pais, depois há o apoio junto de outros familiares (tios, avós). As medidas seguites só seriam aplicadas no caso de crinças que não tivessem ninguém "capaz" dentro da família, ou mesmo as que não tivessem ninguém (tipo uma criança cujos pais faleceram os dois ou são dois delinquentes, não têm tios e os avós já são demasiado idosos para as receber, mesmo com apoio social). Depois, mesmo para essas crianças, ainda existem outras hipóteses, antes da institucionalização, que é o caso das famílias de acolhimento ou dos padrinhos civis (que, ao fim e ao cabo, são famílias de acolhimento, só que lhes é dado uma designação menos fria, mais familiar. Há mointes de casais que se oferecem, não para adoptar, mas para serem padrinhos civis, não perdendo a criança os laços nem o contacto com a família biológica, como aconteceria no caso de ser adoptada. Isto é benéfico, por exemplo, no caso dos avós ou bisavós idosos, que nunca mais saberiam da criança, se fosse adoptada e assim podem acompanhar o crescimento dela até onde puderem). A institucionalização de uma criança devia ser o último recurso e, pela Lei, ela é. Só que as autoridades responsáveis estão-se borrifando para andar À procura de soluções que dão mais trabalho e vaõ directamente para a alínea f), que é a institucionlização. É fácil, é só pegar neles como quem pega num porco que vai para a matança ou para ser capado e metê-los numa instituição.

Porque por muito boa que seja uma instituição a nível de infraestruturas e pessoal, é sempre isso mesmo: o último recurso (não deve ser à toa que o Refúgio Aboím Ascenção se chama Refúgio). A nível de pessoal, como qualquer outra organização pública ou privada, o pessoal é sempre menos do que seria necessário, pois o lema no nosso país (e nos outros deve ser igual) é fazer muitas omeletes com poucos ovos. Por isso é que os meus telefonemas para o meu filho tÊm que ser Às 9 da noite, que é à hora a que os miúdos vão para a cama, já que tem que estar sempre alguém ao pé da criança que está ao telefone e, como os outros já estão deitados, é mais fácil (esta hora, costuma ser a mais usada para as patifarias, pois a auxiliar de serviço está ao pé do telefone e a que resta, deve de andar para ali e não há-de estar em todos os sítios ao mesmo tempo)

Como é que alguém pode achar que viver numa instituição é benéfico para uma criança? eu acho que é mesmo só o último recurso, para não estarna rua. Ora, já imaginaram o que é 15, 20, 30 crinças sempre juntas 24 horas por dia?? Nós, que somos adultos, ou adolescentes, por vezes, depois de 6 ou 7 horas com os nossos colegas de escola ou de trabalho já não "os podemos ver", queremos é sair dali e ir para casa. Agora imagine-se crianças. Vejam o Secret Story. Um grupo de adultos 24 horas juntos sem sairem dali... Agora imaginem crianças... E depois, as senhoras funcionárias, que não querem fazer nada (ou não podem fazer mais) queixam-se de que eles fazem patifarias, se zangam uns com os outros e etc... Ora, se fosse diferente é que eu me admirava! em tempo de aulas, ainda vão À escola, mas alguns pertencem À mesma escola e À mesma turma... E em tempo de férias (o meu filho passou lá as férias de Verão) estão 24 horas por dia juntos. Será saudável? eu não me parece. A mim parece-me o último recurso, o último refúgio, a última coisa a fazer. E é isso que a Lei prevê.

Em segundo lugar, as instituições (quando não há outro recurso) deviam ser por faixas etárias. Onde o meu filho está, estão crianças dos 0 aos 12 anos, até há uma que tem 14, mas permanece lá, para não ser separada do irmão, o que até é estranho porque têm separado tantos, mas isso é outra história. Ora, com esses meninos de 12 anos o meu filho tem aprendido coisas graves para a idade dele, tais como ler revistas pornográficas. É verdade que nas escolas (ainda mais nas escola actuais em que muitas vezes vão desde o Primeiro ciclo ao 12º) as crinças convivem com miúdos de todas as idades, mas isso é diferente, isso são umas horas, durante os intervalos e depois voltam para casa, para a família. Uma criança de 5 ou 6 anos também pode ter um irmão de 15 ou 16, mas isso também é diferente, é a família e estão lá os pais.

Ser legal uma instituição onde vivem juntas crianças de 5 anos com adolescentes de 15 é grave! Mesmo sem falar de casos gravissimos como este, de abuso sexual, sabe-se que os mais velhos batem nos mais novos se não lhe fizerem favores (como roubar) e coisas do género. Sei-o eu.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

De que serviu?

Pela altura que tu nasceste, amor, nasceram várias crianças na família. Tens vários priminhos que rondam a tua idade. Eu era gozada e criticada pelas outras mães da família pelos cuidados que tinha contigo. seguia tudo À risca o que o médico me dizia. As primeiras papas foram sempre sem glutén. Amamentei-te até aos 9 meses porque o médico dizia que era bom. Não te dei fruta inteira muito cedo, com medo de que te engasgasses e sofocasses. Com os frutos secos fia a mesma coisa. Diziam que não era muito aconselhável antes dos 5 anos. As outras mamãs da família começaram logo a dar uvas inteiras aos filhos bebés e gozavam comigo, dizendo que o médico não sabia nada nme era pai dos filhos delas... Qualquer pequeno sinal de alergia, contactava logo o médico. De que me serviu? Afinal essas outras mamãs da famílias têm todas os filhos com elas e nós estamos separados por um preconceito ridículo, por falta de vontade, amor, tal como o nosso amigo Dr. Camacho costuma dizer... Tinha muito cuidado para te levar À praia, porque eras muito branquinho e não podias apanhar muito sol... As outras levavam os filhos para a praia os dias inteiros, borrifando-se completamente para o perigo dos raios solares... Essas hoje têm os filhos com elas e nós? De que me serviu? Afinal de que me serviu? De que nos serviu?

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O teu aniversário...

À medida que o teu aniversário se aproxima as lágrimas vão começando a conseguir sair... Melhor assim porque eu estava muito sufocada e, às vezes, chorar, faz bem...

Os dias estão iguais ao que estavam há 7 anos... Quentes...Anoitece À mesma hora e amanhece à mesma hora... Parecem os mesmo dias... Eu tinha muito medo... Medo de que alguma coisa corresse mal durante o parto... Medo de que não fosses perfeitinho... Medo de alguma complicação... Mas jamais me passou pela cabeça isto que aconteceu connosco... Não faz sentido... Eu era uma mãe galinha... Sempre assustada com o que te pudesse acontecer... Doenças... Acidentes... Raptos... Mas um "rapto legal" nunca pensei que fosse possível... Não faz sentido...

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Dias silenciosos...

Os meus dias são cada vez mais silenciosos... O teu pai fechou-se e é como se eu não existisse... As pessoas, lentamente tÊm ido Às suas vidas... Só restei eu no meio deste caminho sem destino... Onde tudo é silencioso...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Dia da criança...

É o primeiro dia da criança que passo sem ti, amorzinho... Tenho aguentado mal o dia... não dá para descrever o que sinto... E ainda tenho que agradecer por me deixarem dar-te um beijinho pelo telefone, por 5 minutos... Foi triste... Adoro-te, filho... Por mais que tente, não consigo conformar-me com a injustiça que nos fizeram...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ainda recordo aquele dia com um sorriso...

Eu tinha ido com o teu pai a uma consulta de rotina com o Dr. Camacho... Tinha um atraso de quase uma semana, mas achava que era qualquer coisa relacionada com a mudança de temperatura, pois estávamos em Outubro...9 de Outubro... Eu teinha deixado a pílula propositadamente, mas não pensei que já viesses aí, mesmo tendo aquele atraso, ainda que o desejasse.. Porque eu tinha sempre ouvido falar em enjoos, azia, vómitos, tonturas... E eu não tinha nada disso, mas mesmo nada... Por isso, achava que não podia ser...

A certa altura, resolvi perguntar ao Dr. Camacho, pelo sim, pelo não: "Ó doutor, é possível estar grávida sem sintomas nenhuns?". ele sorriu e respondeu-me: "Em princípio, não, mas se quiaseres, eu chamo já uma enfermeira e fazes um teste"... Um pouco esperançada e, ao mesmo tempo com medo perguntei "e quando é que sei o resultado?" ele respondeu: "Agora. É uma questão de 5 minutos e sabes." ele chamou a enfermeira e feiz o teste... Depois esperei, 5, 6 minutos... O dr. camacho foi fazer outra coisa qualquer e a enfermeira chamou-me com um sorriso e olhou-me nos olhos "Está positivo:" Eu fiquei radiante. O teu pai ficou sem palavras. Abrçou-me e disse "Estou tão contente"... O dr. Camacho passou, entretanto pelo corredor e perguntou: "Então? O João vai ser pai ou não?" Sorridente, a enfermeira disse "Sim, vai. Está positivo... ela diz que tem uma semana de atraso, portanto deve ter umas 5 semanas".. Então o Dr. Camacho ainda disse: "Ah, pronto... como ela me tinha dito que não tinha sintoma nenhum"... Depois eu expliquei-lhe que me referia a enjoos, tonturas, azias, desejos por comidas estranhas, vómitos... E ele disse: "ah, mas isso é normal, Nem todas as mulheres têm. O sintoma mais evidente é a falta de menstruação"... Depois ele perguntou: "Queres ser seguida aqui?" , eu perguntei "É possível? Como eu não sou utente.." e ele respondeu "Claro que é possível. Temos cá uma boa obstetra"

Eu e o teu pai voltamos para casa radiantes, cheios de planos e sonhos... como é que alguém tem o direiro de acabar com esta felicidade tão grande que comecou nesse dia?

Não há perdão, amorzinho...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Como podes dizer que está tudo bem?

Pode parecer egoista da minha parte, querido filho... Mas custa-me ouvir-te dizer que estás bem, que está tudo bem na tua vida... Como podes achar normal a vida que tens, amor? Como podes dizer aos pais que tens saudades deles, mas que estás bem? Parece que te conformaste muito depressa... Afinal, a nossa vida juntos não passou de uma mentira? O que é que te estão a meter na cabeça? que ideia te dão de família? Será que te dizem que é normal as crianças da tua idade viverem assim no meio de 20 crianças com 3 ou 4 adultos desconhecidos a olhar por elas? Uma vez vi uma reportagem de um pais do Terceiro Mundo em que crianças muito pequeninas trabalhavam em fábricas de fazer tijolos... E elas estavam convencidas de que no mundo inteiro todas as crianças faziam aquele trabalho e que era normal aquela vida... Será que também te dizem a ti que todas as crinaças vivem assim como tu? mas como podes tu achar que é verdade? Tu tinhas 6 anos quando te levaram de nós, amorzinho... Será que apagaram da memória tudo isso que vivemos? Que ideia tens tu de uma família? Queria perguntar-te isso directamente, mas tenho medo da censura... E vivo sufocada... Estão a manipular-te... Tu não te lembras que quando vivias connosco todos os teus colegas da escola viviam com a família? Não vivem com a família a maioria dos teus colegas da escola onde andas agora? Então porque achas tão normal essa vida que vives?

terça-feira, 11 de maio de 2010

E se adoeceres?

Por enquanto, filhinho, tens estado saudável, como aliás, tens sido a vida inteira, para inveja de muita gente... Mas e se adoeceres? Se por acaso ficares doente, mesmo ques eja com uma simples gripe ou gastroentrite, o que acontece... E se eu souber? Como me sentirei a saber que não posso estar ao pé de ti para te verificar a temperatura, para te dar a medicação se for caso disso, para te acarinhar, para enfim, estar ao pé de ti, para saber como estás a qualquer momento? Será que essas pessoas que te roubaram não pensam que uma mãe pensa nestas coisas?

sábado, 8 de maio de 2010

Sonhei ser mãe....

Sim, filho, eu sonhei ser mãe... Sonhei levar-te à escola todos os dias até teres idade e maturidade suficiente para ir sozinho. Sonhei acompanhar os teus estudos, ajudar-te nos trabalhos de casa. Saber a tua avaliação na escola. Ir às festas da escola contigo... Durante os dois anos de Jardim de InfÂncia e três meses do primeiro ano ainda me foi condecido por Deus esse previlégio. Agora estás longe de mim. Tens como encarregado de educação uma pessoa desconhecida. Alguém que não te conhece. Não sabe as tuas capacidades, as tuas qualidades e as tuas reais dificuldades. Era eu que devia de estar a acompanhar o teu desenvolvimento a todos os níveis. Por maldade, não me deixaram... Não me deixaram ser mãe... E para todas as pessoas o que aconteceu já passou... Para mim não consigo que passe...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Como pode a tua avó falar assim?

Meu amorzinho... Os paizinhos estão cada vez mais sozinhos... Para as outras pessoas já passou... Todos nos dizem que temos de nos conformar e que a nossa vida tem que continuar... Eu não consigo aceitar tal coisa... Não consigo conformar-me... Roubaram-me o tesouro da minha vida... Eu vejo-te cada vez mais distante... Para ti as coisas têm melhorado... Estás mais conformado... Para nós não passa... Começo a pensar se serei diferente das outras pessoas... Todos me dizem que estou a exagerar nesta minha dor... Mas eu não consigo que seja diferente... Há bocadinho a tua avó Fernanda telefono-me e disse, com um ar todo fresquinho "Parece que estás triste..." Eu, tristemente respondi: "Então quer que esteja alegre, como é que eu posso estar alegre?" e ela voltou a dizer toda fresquinha "Mas a vida tem que continuar!!!" A maezinha respondeu ainda "Para mim não continua... Eu não consigo" Mas ela continuava fria "Ele está lá bem. Eu acho! ele está lá muito bem! eu ontem fui vê-lo e achei-o bem! E tu tens que te conformar. A vida tem que continuar! Então e se ele morresse? Se ele morresse, como o filho da minha irmã morreu? Quer dizer que se ele morresse matavas-te também, não?" Ainda respondi, numa voz meio-trémula: "O meu filho está lá sem o carinho dos pais, sem uma família. É isso que vocês acham que..." Mas ela interrompeu-me e disse simplesmente: "Olha, para o caceta! Tachau!!!" e desligou o telefone...

Eu preferia que tu estivesses com ela do que numa instiuição onde és visto como um número e não como uma pessoa. Ao menos, estarias com a tua família... Mas ela, embora esteja disposta a receber-te está naquela de "Se ele vier vem, se não vier, não vem"... Assim, não vejo maneira de voltares para o seio da nossa família... Não vejo saída... Não vejo luz ao fundo do túnel... E vejo-te cada vez mais longe... :(

terça-feira, 4 de maio de 2010

Que ideia tem aquela gente de família?

No Domingo foi o Dia da Mãe... Estive no site de uma senhora que tem a filha instiutcinalizada e se queixa (e com razão) por só lhe terem deixado passar duas horas com a filha num parque longe da instituição... Mas o que direi eu que nem um minuto a mais no meu telefonema tive? E só tive o telefonema porque era Domingo e todos os Domingos tenho direito ao telefonema... Eu e o pai... Nem um desenho tiveste direito a fazer para mim, amorzinho... Quando te prguntei ao telefone, a senhora que estava ao pé de ti falou friamente "Qual mãe nem mãe? ele não tem tempo para fazer os trabalhos de casa tem para fazer coisas para a mãe!!!" Ontem na visita, voltei a perguntar e, mais uma vez tive a resposta fria de que não há tempo para fazer cá coisas para o dia da mãe... mas que pessoas são estas?? A culpa não é tua, fofinho. Como é que não havia tempo para te incentivarem a fazer um desenho?? Tu gostas tanto de fazer desenhos, amor. Querem tirar-te todos os valors de família, toda a importância que a família tem na tua vida. Desvalorizaram o "Dia da Mãe" com um desprezo incrível... Não deram importância... Que gente é essa, filho?

domingo, 2 de maio de 2010

Dia da mãe...

Este está a ser o dia da mãe mais triste que estou a passar, meu querido filho... Desde que acordei até agora não consigo pensar em como te queria ter aqui comigo... Não só hoje, mas todos os dias, porque ser mãe é isso: estar sempre presente. Infelizmente, a vida não é justa e tiraram-te de mim sem dó nem piedade... Tu pareces estar adaptado, mas eu não... Nem consigo estar... O golpe foi muito duro... Nós éramos uma família feliz que a injustiça desfez... A nossa casa está vazia... Eu não consigo arrumá-la... Não consigo limpá-la... Não consigo sequer pensar na pessoa que fui... Porque antes de ser pessoa, eu era mãe... E agora já não sou... AMO-TE FILHO.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Bloqueio inconsciente...

Este blog tem estado parado por um estranho bloqueio que me atingiu... Toda a gente me diz para ter cuidado com o que te digo, para não te mostrar que estou tão em baixo, pode haver o caso de tu chegares a sentir-te culpado e todas aquelas tretas... como neste espaço virtual eu falo para ti comecei lentamente e pensar no que posso ou não posso escrever... Sim, as velhas tretas da mãezinha... Sei que agora mal sabes ler e quando um dia tiveres maturidade para ler isto também já irás tÊ-la para perceber tudo o que passei... Por isso, não há qualquer razão racional para este bloqueio que me atingiu... Tu estás no meu coração... É em ti que penso... mas tu na realidade não estarás a ler... Por isso, eu posso dizer tudo o que sinto... como se tu soubesses, como se tu me percebesses, como se estivesses a par de tudo... Vamos lá ver se a mãezinha consegue superar esta paranóia... São as paranóias da mãezinha :)

Tu já viste como são postas as coisas no relatório do Tribunal? sim, não viste, mas a mãezinha conta-te... Não precisa contar... No meu coração tu percebes tudo... Não há um único ponto a nosso favor... Tudo é exposto contra nós de uma maneira só negativa. Não há um único ponto a nosso favor. Agora ponho-me a pensar se algum dia mais vou acreditar na justiça... Será possível? sinceramente acho que não...

A mãezinha veio há bocado de uma consulta. A Dra. Maria diz que não percebe como pode ter chegado a um relatório jurídico o facto de eu ter estado internada ou de ter tido uma depressão sem que eu tenha sido sequer informada de que tinha sido pedida informação clínica sobre mim... É que os ficheiros clínicos devem obedecer ao sigilo profissional... Eu teria de ter dado autorização prévia para serem dadas informações clínicas sobre mim... Se não desse, o tribunal poderia pedir uma obrigatoriedade de informação, mas isso levaria tempo... E EU TERIA SEMPRE DE SABER

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Estavas demasiado alegre... A mãezinha percebeu...

Hoje, quando te visitamos, tu estavas muito eufórico, quase explosivo. Só falavas dos desenhos que tens feito, dos teus amigos, de como te tens divertido. Quase não nos deixavas falar... Falavas dos bonecos, dos desenhos, rias, dizias piadas... Estavas a utilizar a mesma arma que a mãezinha tão bem conhece... O disfarce... E isso notou-se tão bem na hora da despedida quando, de repente, começaste a chorar de um momento para o outro... A mãezinha percebeu, querido... Adoro-te...

domingo, 4 de abril de 2010

Páscoa...

Hoje é Domingo de Páscoa, amor... Este dia costumava ser especial para nós, lembras-te? Para a mãezinha já se acabou tudo... agora, Este Domingo passa como qualquer outro Domingo... Um dia em que não se pode fazer nada... Um dia em que não se pode lutar...

Lutar... Esse é outro ponto: a maezinha já não sabe como deve lutar... Tudo o que a mãezinha faz é uma faca de dois gumes: tanto pode ser bom como pode ser mau... Por isso é que a mãezinha se sente perdida e não sabe para onde se há-de virar... Nem como há-de lutar... Talvez esteja a fraquejar... Mas que mais há-de sa mãezinha fazer que não seja considerado fraquejar?

Tenho tantas saudades tuas e não vejo maneira de podermos estar juntos de novo... Cada passo que a mãezinha dá em frente são dois que a fazem dar para trás... AMO-TE TANTO , QUERIDO FILHO!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sofoco...

Meu querido filho... A maezinha tem feito um esforço enorme para se conter no que esvreve neste blog, já que ele é dedicado a ti, À falta que tu me fazes e às saudades que sinto de ti. Como se pensasse que tu estás a ler... Mas a verdade é que tu não estás... E a mãezinha tem que admitir que está sufocada, que está a sangrar por dentro, por já não saber o que fazer. A maezinha tenta lutar, mas a luta é cada vez mais difícil e cada vez surgem mais obstáculos. Todos dizem à mãezinha que tem que ter calma, que tem que ser forte para lutar por ti... E a mãezinha está com medo de ser fraca e não conseguir... Porque ao tentar mostrar aos outros que está com forças para lutar, que está de pé, que está calma, a mãezinha está a guardar tudo para ela, está a recalcar toda a dor que está dentro dela e isso pode levar a mãezinha a explodir ou a sucumbir... É verdade que a mãezinha sabe que as pessoas não podem fazer mais nada... Não podem dizer mais nada... E querem ver a maezinha bem... Mas a verdade é que a mãezinha não está bem... A mãezinha está cada vez pior... E isso pode estar a levar a mãezinha a um abismo sem retorno...

Não posso chorar para não dizerem que estou desequilibrada... Não posso tomar mais calmantes, para não dizerem também que estou desequilibrada... Não posso mostrar que estou sem forças para lutar, porque mais uma vez dirão que sou desequilibrada... Mas assim vou guardando tudo para mim, vou recalcando todas as minhas emoções cá dentro e não sei onde guardá-las mais porque já não há lugar para elas...

domingo, 21 de março de 2010

Ainda não sabes, amor... :(

À noite, no telefonema de Domingo, temos uma triste notícia para te dar... Afinal, a casinha que te dissemos que tinhamos arranjado já não vai ser nossa... Com tudo preparado, com tudo certo, o senhor desistiu e disse que queria vender a casa a umas pessoas que a queriam comprar e já não ia alugá-la a nós. Não te mentimos. O senhor tinha-nos dado a certeza absoluta... Mas como eu já te expliquei, as pessoas não são todas boas. Há pessoas más e este senhor portou-se muito mal com os paizinhos. Nem consigo imaginar a enorme desilusão que vais ter quando te contarmos. Penso que, se calhar, não te deveríamos ter contado, sem termos ainda assinado o contrato... Mas o senhor tinha-nos dado a certeza absoluta de que o contrato seria assinado na próxima Segunda-Feira. Nós confiamos na palavra do senhor.

Agora sou eu que tenho medo que tu não voltes tão cedo para nós. Os paizinhos fartaram-se de procurar ontem uma casinha para alugar por esta cidade toda e não encontraram nada... Só se encontram casas para vender...

Os avós, pelo que os paizinhos notam, parece que não estão a fazer grande empenho em que vás para casa deles... Afinal, eles visitam-te e vêem-te com a mesma frequência com que viam dantes... Afinal, vivemos a 50 Km deles... Acham que estás aí a ser bem tratado e, portanto... Quem está a sofrer muito são os paizinhos... Porque foi a nossa harmonia familiar que foi quebrada... Foi a nossa vida que ficou desfeita... Os nossos corações...

quinta-feira, 18 de março de 2010

Cansaço...

A maezinha não tem vindo aqui porque tem andado demasiado ocupada... A tratar de coisas que espera que nos ajudem... Papelada e mais papelada... Dói-me tanto saber que tu estás convencido de que se encontrarmos uma casinha, tu vens logo para o pé de nós e sentir que pode não ser assim... A maezinha quer ter pensamento positivo, porque dizem que ajuda, mas a mãezinha tem visto tantos casos (ou ouvido falar deles) em que tiram as crianças por alegadas faltas de condições e depois os pais arranjam todas as condições que lhes foram pedidas e mais algumas e eles continuam a pôr entraves e mais entraves... A noite passada nem o paizinho nem a maezinha dormiram um minuto (acho que ainda dormitei uma meia-hora, se tanto). Mal de quando levam uma criança do colo dos pais... Depois para a recuperar é uma batalha muito dura...

A mãezinha tem tentado manter-se activa... Continua a participar no fórum do NN, mas pouco tem feito no site... Uma escrita cuidada, por mais habituado que se esteja, requer um cuidado especial e a mãezinha, neste momento está cansada...

Tantos papeis... Se tanto papel não valer de alguma coisa, então não sei o que fazer... Tanto que eu te jurei que nada nem ninguém nos separava, amorzinho... será que algum dia vais acreditar em mim? Imagino a dor e a desilusão que levaste no teu coração durante a viagem que te levou dos meus braços... Imagino como o teu coração estava destroçado... Sei que deixaste de confiar em mim... sinto, porque eu própria deixei... Senti-me impotente e cobarde...

As pessoas são más, João Pedro... Se há coisa com que não se brinca é com a relação entre pais e filhos... É sagrada e tentar destrui-la é um pecado... Mais do que um crime é um pecado, querido filhinho...

quarta-feira, 17 de março de 2010

O tempo só aviva as memórias...

Por esta hora, começava a preparar-te um lanchinho reforçado. Mesmo sabendo que almoçavas na escola. Tinhas sempre fome quando chegavas a casa, dizias que não tinhas gostado da comida da escola, ou que já tinha sido há muito tempo, pois o almoço era às 13 e tu só saías às 15:30... Verdade seja dita que também acabavas por comer uma ou duas dentadas do que eu te preparava e punhas para o lado... Eu lá insistia... Dizia que tinhas que comer para seres forte, dizia que queria um filho saudável...

Tenho tantas saudades tuas, querido filho... Dava tudo para te ter aqui comigo agora... Tudo...

segunda-feira, 15 de março de 2010

Estão todos chocados, amorzinho...

Hoje tive de ir à tua antiga escola buscar os teus livros... Foi horrível... Ficar à espera de que as aulas terminassem... Ver os teus colegas a sair e as mães à espera deles... O mesmo cenário... As mesmas paredes... As mesmas pessoas... O mesmo sol... Parecia que a qualquer momento tu ias aparecer, amorzinho...

Tal como eu previa, por isso é que ainda não tinha tido coragem de lá ir, estão todos chocados com o que nos fizeram. O teu professora, a Directora... As funcionárias... Todas dizem que não percebem como pode isto acontecer-nos... Todos dizem o que toda a gente diz: tantas crianças que lá andam que estão em risco de vida na própria casa, que são negligenciados, que são mal tratados pela família... E ninguém faz nada... E no entanto, forma levar-te a ti... Todos perguntam "Mas porquê???"

domingo, 14 de março de 2010

O sonho das sereias...

Filho, lembras-te que eu te disse sempre, nos dias em que comecei a pensar que te levavam mesmo, para se te levassem, pensasses na música das "Mermaid Melody", "O Sonho das Sereias"? sempre que quisesses comunicar comigo... Sempre que pensasses em mim... Espero que não te tenhas esquecido, querido filho... A mãezinha ouve muito essa música para pensar em ti... Tu és o meu sonho feliz...

Eu não consigo aceitar o que aconteceu...

Perdoa-me, filho, por ser fraca... Só a ti peço perdão por não conseguir ter forças... O que me exigem para poder ser tua mãe é muito elevado... Eles têm a faca e o queijo na mão e levaram-te de mim e do teu paizinho... Não sei porquê...Sei que te jurei que iria atrás de ti como o Marlin foi atrás do Nemo... Mas este oceano tem muitos tubarões... Querem que a mãezinha esteja sorridente e feliz quando te vai ver... Mas a maezinha não consegue... A dor que vai no coração da mãezinha é mais forte do que tudo e as saudades são muitas... Levaram a razão de ser da minha vida, que eras tu... fui humilhada e insultada pela Directora da Instiuição onde tu estás... Disse-me que as fotografias que ELA viu demonstravam o tipo de mãe que eu era ao deixar-te viver num buraco... Pergunto-me todos os dias porque é que a directora da instiuição que te acolheu (até me custa dizer esta palavra) tinha que ver tais fotografias... Se o Tribunal tristemente e infelizmente decidiu que tinhas de ir para aí, ela só tinha que aceitar-te porque era uma decisão do Tribunal... Mas não necessitava de ver as fotografias da nossa humilde casinha... Já agora que as ponham no jornal!

Por isso, eu estou impotente, filho... eles farão o que quiserem... Um dia compreenderás que a maezinha ficou de pernas e mãos atadas... Um dia compreenderás que o meu amor não chegou para te ter de volta... Um dia espero que me perdoes...

sábado, 13 de março de 2010

A mãezinha está estranha...

Hoje encontrei a mãe do teu colega Vitor (Obama, como vocês lhe chamavam :))... Ela olhou para mim e eu sorri de uma forma estranha... Depois fui à farmácia aviar uma receita para o paizinho e estavam a perguntar-me o que é que eu queria e eu estava estática, não respondia... Agora tenho periodos em que fico estática... Sem reacção... Tenho medo de que um dia te sintas culpado por isto... Por favor, amirzinho... NUNCA... A mãe está a sofrer porque te levaram do braços dela... Mas jamis penses por um minuto que seja, que a culpa foi tua. Nunca. Claro que estou a sofrer. E um dia tu vais ler isto. Estou a sofer por ti, porque te levaram, mas a culpa não é tua, meu querido amorzinho. Tu foste uma vítima. Tal como eu fui uma vítima e o teu paizinho também... Sinto dor, estou infeliz, estou triste... Porque te levaram de mim... Mas não quero que em momento algum penses que a culpa foi tua... Adoro-te...

sexta-feira, 12 de março de 2010

Duas semanas sem ti...

Foi por esta hora, amorzinho... Faz hoje duas semanas que te levaram A`força dos nossos braços...Têm sido duas semanas muito duras para os paizinhos... A maezinha nem sabe como tem aguentado... Queria tanto que estivesses aqui comigo... Fazes-me tanta falta... E eu sei que te faço falta a ti... Nem sei como tenho aguentado, amor... Tenho tantas saudades tuas...

quarta-feira, 10 de março de 2010

Intervalo...

Lembras-te, filho quando perguntavas porque é que eu gostava tanto desta música dos Perfume? (Tu perguntavas tanta coisa)... Eu dizia-te que me fazia pensar sobre a vida... Não te explicava por pormenores que me fazia pensar sobre as coisas que perdemos na vida... As coisas que não acompanhamos... A mãezinha está a perder as forças... Tu estás a crescer... Estás a mudar os dentinhos... Daqui a pouco vem a Páscoa... Não tarda muito farás 7 anos... Como irás festejar o teu aniversário? O tempo passa a correr... quem responderá com calma a essas perguntas difíceis que tu fazes? Daqui a uns anos este momentos da tua vida, os dentinhos, os aniversários, as datas festivas, as perguntas estarão registados na história da tua vida... No livro que não li, no filme que não vi, na foto onde não entrei...

terça-feira, 9 de março de 2010

A dor no coração aumenta...

A mãe está a chorar por ti, João Pedro! A mãezinha está a chorar de saudade! Tu tinhas que estar aqui comigo e levaram-te! Nenhum de nós merecia isto! Nem tu! Nem eu! Nem o teu paizinho! Não foi justo o que nos fizeram e nunca terá perdão... Separaram uma família feliz... Nós éramos felizes na nossa casinha humilde... Tenho tantas saudades tuas, filho... TANTAS! TANTAS!!! Daria a luz física dos meus olhos, os dois brços e as duas pernas para te ter agora aqui comigo... Não sei como ainda me aguento de pé... Agora querem provar que sou maluquinha! Que sou uma doente mental! eu não sei como me resta ainda algum pingo de juízo... Se calhar , não resta... Devo ter enlouquecido para continuar de pé depois do que nos fizeram... Por favor, filho, pensa em mim, AGORA... A mãezinha está a chorar de saudades...

segunda-feira, 8 de março de 2010

Estou tão sozinha, amorzinho...

A baixa médica do teu paizinho já terminou... Neste momento, ele vai a caminho do trabalho, como era habitual a esta hora, lembras-te? Ficavamos aqui os dois preocupados A`espera que ele telefonasse a dizer que tinha chegado bem... Eu tentava acalmar-te e dizer que ele estava quase a telefonar e que ia correr tudo bem... Mas tu dizias que A`s vezes há acidentes... Agora sou eu que espero sozinha esta meia-hora... À espera de um telefonema... E aqui vou ficar sozinha a noite inteira... Sem a tua companhia... Cheia de saudades tuas... Vi-te há poucas horas... Uma mísera hora de visita que não dá para dizer nem uma milésima daquilo que te queria dizer... E sempre com a vilgilância d euma técnica... Agora, só daqui a uma semana te poderei voltar a ver... A mãezinha está a minar por dentro, querido... A maezinha quer ter forças, mas a força das saudades que tu causas são mais fortes que tudo...

Acho tão curioso e ao mesmo tempo estranho tu nunca perguntares pela tua avó... estavas sempre a dizer que ela dizia ofenças... será que também sentes, tal como nós, que foram as intrigas dela que deram origem a tudo isto?

Tenho tantas saudades tuas, amor... Fazes-me tanta falta... E eu sei que te faço falta a ti, meu amorzinho...

Perguntas-me quando arranjamos uma casinha... As casinhas são tão caras , amor e a mãe não consegue arranjar trabalho... Além didoo, tu ainda não sabes, mas a casinha não é a única coisa que "nos falta"... Depois vão implicar com outras coisas... E outras... E outras... E outras... dizes que aí não querem que tu chores... Se tiveres vontade de chorar, chora, filho, porque não? Se ficas mais aliviado no fim não te podem impedir de chorar... Aliás, À maezinha não podem impedir de chorar, porque o choro da maezinha é espontâneo... A mãe não chora quando quer nme sabe evitar o choro quando ele vem...

Queria tanto ter-te aqui... Estás a crescer... Reparei que não te pentearam hoje... Tinhas o cabelo todo desgrenhado... E eu sem poder dizer nada... Senão não me deixam ver-te...

Só levo baldes de água fria, amorzinho...

Passei ontem o dia a contar a horas para falar contigo ao telefone... Quando a tão desejada hora chegou disseram-me que não podia falar contigo porque não viam lá nenhum telefonema marcado para o João Pedro ontem Às 8 da noite... Insistimos, pedimos por favor... Não foi possível... Imagino como tu terás ficado a pensar que nos esquecemos de ti, pois disseram-nos que nem sequer podiam dizer-te que nós tinhamos telefonado. como terá ficado a tua cabecinha?

Agora hoje fui acordada pouco depois das 9 da manhã... A directora pedia desculpas porque tinha havido um engano, que o telefonema estava marcado, sim, mas que a auxiliar tinha visto mal a folha, não também por culpa dela, mas que a folha tinha sido colocada de uma maneira pouco usual ou num sítio pouco usual... quer dizer, confirmou que nós tinhamos razão, que o telefonema estava marcado, mas ilibou toda a gente...

Tenho tantas saudades tuas, querido, tantas... Parece que a cada dia aumentam... O teu pai acabou a baixa e diz que hoje já vai trabalhar... Vai ser mais difícil ainda... Como é que eu vou passar aquelas horas todas aqui sozinha? E quando nos cortarem a luz e a net? como vou eu comunicar com as pessoas?

Eu... Eu não sei viver sem ti...

domingo, 7 de março de 2010

Daqui a menos de seis horas falarei contigo...

... Será por telefone... Mas é a esmola que nos dão e temos de aceitá-la... A mãezinha está a morrer de saudades... A mãezinha não pode prever isto... Jamis poderia prever que nos separassem... Pergunto a mim mesma que valores de família te ensinam aí... Pergunto-me, agora, se quando nessa escola onde te colocaram te pedirem para fazeres um desenho da tua família o que irás tu desenhar... Tinhas feitos tantos desenhos d enós trÊs ultimamente... Desenhavas três bonequinhos e dizias que éramos nós... Estávamos todos cheios de medo que te levassem... Até há pouco tempo eu ainda tinha esperanças de que não fizessem tal injustiça... Foi tudo tão rápido... Tu eras tão feliz nesta escola... Tu eras tão feliz nesta casa...

sexta-feira, 5 de março de 2010

Estamos a perder mesmo muito...

Andavas a fazer muitas perguntas, amorzinho... Porque é que uma coisa era de determinada forma, porque é que outra era daquela... Porquê isto, porquê aquilo... E eu ia respondendo da forma mais correcta que sabia... Da forma que achava mais adequada à tua idade... Quem te responde agora a essas perguntas com o mesmo cuidado?

LEmbras-te quando eu não queria que visses novelas e tu insistias? Dizias que estavam ali pessoas a falar que era igual À vida... Uma vez disse-te que Às vezes andavam ali pessoas à pancada (quando tu me surpreendeste a ver uma cena de pancadaria já não me recordo em que novela)e que era melhor tu não veres... Tu disseste que nos desenhos animados também havia pancada e que também vias pancada na escola...

Um dia expliquei-te com toda a calma o que era um actor... Porque tu estranhaste ver terminar uma novela e ver a pessoa regressar na novela seguinte com outro nome, outra família, outra personalidade. Percebeste tão bem quando eu te expliquei através dos teatrinhos que tu e os meninos da tua escola faziam no Natal e nas Festas de Fim de Ano. Expliquei-te que tu na pecinha que tinham feito da História da Crochinha tu tinhas feito de Gato, mas que tu sabias que não eras um gato... E que em outra peça podias fazer de outra coisa qualquer... Tal como a tua professora tinha "sido" a Branca de Neve no Natal e depois na Festa de Final de Ano tinha sido a "Cinderela"... E que tu sabias que ela era a tua professora... Percebeste tão bem... Quem te explica agora estas coisas? Para quem olhas com carinho e vontade de perceber as coisas com esse lindos olhos azuis? Tenho cada vez mais saudades tuas, filho...

Foi por esta hora, amor...

Estavas a fazer os trabalhinhos de casa com o teu paizinho... faz hoje precisamente uma semna que te levaram... foi por esta hora... Depois disto ainda só te vi uma vez (e outra de fugida) e falei contigo duas vezes... A este ritmo não vou aguentar se tantas saudades...

O que estamos a perder...

Hoje tenho pensado muito no que estamos os três a perder, fofinho... Estás a mudar os dentinhos... Era comigo e com o teu pai que tinhas que partilhar estes momentos... Não com essas pessoas desconhecidas que te tiraram de nós e que não te conhecem de lado nenhum... Quem te ajuda a dormir agora? Quem te acalma quando tens pesadelos? Não eram muitos, sempre dormiste calmamente, mas, Às vezes tinhas... Sempre dormiste traquilamente desde os dois meses de idade, mais ou menos... Agora disseste-me ao telefone que não tens dormido bem... Como não culpar estas pessoas por isso? Às vezes acordavas de noite, mas bebias água, vinhas ver como nós estávamos e voltavas a dormir...

Estou a pensar que me disseste ao telefone que estavas doente... A senhora que estava ao pé de ti desvalorizou... Disse que tu "só" estás um bocadinho aborrecido... Tenho medo que estejas doente e não te levam ao médico... Tenho medo que entres num processo de depressão irreversível...

Sei que tu nunca voltarás a ser aquele menino calmo, alegre e feliz que tu sempre foste... como sofro por isso, amorzinho lindo...

Tantas saudades...

As saudades são cada vez maiores, amorzinho... A Primeira visista foi logo três dias depois de te levarem... Agora temos de esperar uma semana para cada uma... Que querem? querem que te esqueças de nós? Estão a fazer-te uma lavagem cerebral a ver se esqueces aqueles que te amam? Afinal, filho, só te podemos telefonar duas vezes por semana... eu tinha percebido que eram três... Como vamos aguentar?

Nas visitas não podemos estar a sós tempo nenhum... é como uma castração... tudo o que dizemos é ouvido e observado... E a tua avó Fernanda insiste sempre em ir connosco... Acabou-se a nossa vida... Acabou-se a nossa intimidade... Acabaram-se os nossos momentos de privacidade, amorzinho... E se a mãe diz que acha que alguma coisa está mal ainda é recebida com sete pedras na mão por essa gente que te levou...

Que grandes saudades, meu filho... Porque nos fizeram isto?? Porque te levaram de nós como se fosses um filho negligenciado ou maltratado?

Sabes, a mãezinha acha que há alguma maldade por de trás disto... Um dia tu irás perceber... Muita gente nos tem dito que é impossível tirarem um filho a uns pais que o adoram e que ele adora, só pelo facto de a casa ser velha ou estar desarrumada... Não é que isso seja bom, mas tirar um filho aos pais por causa disso é muito grave... Toda a gente nos diz que para chegarem ao ponto de levar uma criança do colo dos pais é porque há coisas muito graves... Ou um grande enredo por trás... Tanto que muita gente já deixou de acreditar nos paizinhos, amorzinho. sim, deixaram de acreditar em nós. Havia pessoas ao nosso lado que a partir do momento em que te levaram memso se afastaram... Porque pensaram que se chegaram ao ponto de te levar é porque há mais qualquer coisa além de uma casa velha e desarrumada... Se calhar eu também pensaria, amor... As pessoas são livres de pensar... E saõ livres de acreditar ou não... Não as censuro... Tirar um filho dos braços dos pais é muito grave... E qualquer pessoa poderá pensar que se tiraram é porque tu estavas em risco connosco... Um dia, amor, todos juntos vamos provar que não... Pelo menos a maezinha vai fazer tudo por isso...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Seja como for, vou à tua procura

As saudades são cada vez mais fortes, meu querido filho... De noite ainda vou ao teu quarto à tua procura como se achasse que tudo era um pesadelo e que tu estás lá a dormir calmamente... Quando acordo antes das 7, tenho aquele impulso de me levantar para te preparar para ires para a escola... Só segundos depois caio em mim e concluo que já não te tenho comigo...

Sei que te prometi que se isto acontecesse, na altura em que estava na iminência de acontecer, iria à tua procura como o Marlin foi atrás do Nemo. E irei. Ainda não sei bem é qual é o caminho... Sinto-me num labirinto... Tenho medo de me meter por caminhos que não tenham saída...

A mãe adora-te, filho. A mãe faria tudo por ti... Mas neste momento não sabe como... Um dia hás-de perguntar-me porque é que eu não sabia como. Porque a vida é injusta, filho. Nos filmes americanos, que tu ainda não vês, há uma coisa interessante que se baseia numa lei que eles tÊm que depois implica o direito dos cidadãos de fazerem uma coisa a que se chama invocar a 5ª emenda, que significa que se podem remeter ao silêncio absoluto. Sempre que a polícia prende alguém tem por obrigação informar a pessoa de que "tem o direito de se manter em silêncio, pois tudo o que disser poderá ser usado contra si em tribunal"... Ou seja, amor, seja o que for que a pessoa diga, poderá ser deturpado (um dia também espero ser eu a te explicar o significado desta palavra) e usado contra a pessoa. Por isso, amor, eu não sei neste momento o que fazer...

Tu sabes que o teu paizinho tem uma doença, não sabes? Sempre soubeste, nunca te o escondemos e tu aceitavas isso bem, como aceitavas a diabetes da avó. A mãezinha tem que dar apoio ao paizinho, que está também a sofrer muito por não estares ao nosso lado... Se a maezinha não der apoio ao paizinho ficará sozinha para ir a tua procura. As pessoas que te levaram estão a dificultar muito a tua procura. Agora põem todos os obstáculos e mais alguns e os paizinhos vão ter que os vencer todos...Vai ser difícil, mas nós vamos vencê-los. Prometo-te.