quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Faz hoje um ano, amor...

Há um ano a esta hora estavamos a fazer os dois a nossa Árvore de Natal, querido filho. Lembro-me de ti muito eufórico e de eu ir várias vezes ao bazar ao fim da rua comprar fita adesiva para forrar a coluna e a tábua para servir de base. Nunca vi fita adesiva tão fraca, partia-se toda... Na cama, o teu pai lamentava-se por estar de folga a um dia feriado, pois aos feriados a remuneração triplicava... mas olha... tinha calhado estar de folga... A tua avó ia dando palpites... Nunca estava bem para ela... Ou estavam demasiadas bolas amarelas juntas, ou estavam poucas... ela é assim... e nós riamos os dois... Tu estavas todo feliz com a nossa árvore de Natal... Se me tivessem dito que seria a nossa última Árvore de Natal juntos, eu acho que teria tido morte imediata... Eu era exigente... voltava ao bazar para comprar mais bolas, mais fitas... foi difícil colocar a estrela porque era demasiado pesada e vergava o arame do ramo... Foi preciso colocar um reforço, para ela se aguentar... E a mãezinha estava tão contente, lembras-te? E tu dizias que eu era bonita... Era muito vaidosa a mãezinha naquela altura, lembras-te, amor?

Um anos depois, tudo perdeu o sentido... Nem posso ver enfeites de Natal, que o meu coração chora... Nem nessa noite, nme nesse dia vou poder estar contigo... Adorava que adormecesses nos meus braços como tu gostavas... Tão meiguinho, tão fofinho, tão lindo que tu eras... Adorava ficar a acariciar-te enquanto dormias... Adorava a nossa vida... Adoro-te, amorzinho lindo... E o teu futuro preocupa-me mais do que nunca...Tiraram-me tudo... Acabou-se a piscina... Acabaram-se as leituras... Acabou-se a vaidade... acabaram-se as roupas giras de que gostava... As maquilhagens da mãezinha foram postas dentro de um saco de plástico e lançadas nem sei para onde... E o Natal também deixou de existir... Porque a força motora disso tudo eras tu, meu querido filho...

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