segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Acabou-se tudo para nós, querido filho...

Eu sei, querido filho. Eu sei que te prometi que iria atrás de ti como o Marlin foi atrás do Nemo. Prometi-te que conseguiria. Perdoa-me por não ter conseguido chegar a ti e ter deixado que te levassem. Esqueci-me, amor, de que o mar que o Marlin atravessou era o oceano criado pela vida, pela natureza. Um ambiente natural em que as coisas são equilibradas e os seres pertencem ao seu lugar natural, onde acabam sempre por chegar. O nosso oceano é diferente, amor. O nosso oceano é fomado pela espécie mais maligna e mais severa e impiedosa que há no globo terrestre: o Homem, espécie À qual, nós, infelizmente pertencemos e onde há mostros piores do que os tubarões e outros perigos do oceano natural...

Quando chegamos a decisão estava tomada, amor. Nem sequer quiseram saber das provas que apresentamos. Disseram-nos que ou assinavamos um acordo "amigável" para tu seres criado pelos teus avós paternos até à maioridade ou ias imediatamente para adopção e, então, nunca mais te veríamos, pois o caso ia a julgamento e, não lhes parecia que ele nos fosse favorável e tu irias imediatamente para adopção e nada mais haveria a fazer. Um dia, explico-te, amor, que isto foi só para que nós não pudessemos recorrer nem fazer nada, visto que assinámos em como estavamos de acordo. Agora, amor, memso que os paizinhos quisessem recorrer ou comunicar o caso à comunicação social, não podiam, porque assinaram um papel. Foram, literalmente chantageados para isso. Porque um dia vais perceber. O que é isto? Se nós não assinassemos tu ias para adopção, já nem haveria a hipótese dos teus avós. Ora, que culpa teriam os teus avós de nós não assinarmos?? Não continuavam a ser os avós que são? Não continuavam a ser as mesmas pessoas? Claro que sim. Só que, nesse caso, nós poderíamos recorrer e assim não podemos, porque assinamos. Debaixo de chantagem, amor.

Agora, os paizinhos vão ser obrigados a ter consultas de psiquiatria periódicas e daí vão sair os relatórios sobre as nossas visitas a ti.

A partir do dia 17 de Dezembro, data em que irás ser entregue aos teus avós, só poderemos ter uma visita quinzenal contigo numa associação que nem sabemos onde é. Imagina, o teu pai, que visitava os pais dele sempre que lhe apetecia, agora nem pode visitá-los porque tu estás lá a viver. Não poderemos telefonar-te. Nunca.

Depois de passados dois meses, amor, se nós fizermos tudo direitinho como eles querem, calminhos, de orelhas baixas, poderemos, eventualmente ter uma visita semanal contigo até tu atingires a maioridade...

Que vida é esta, filho? Que mal fizemos nós? De que nos acusam?

Somos tão ingénuos que chegamos a pensar que, caso fosses entregue aos teus avós paternos te poderíamos visitar sempre que quisessemos. Ouviamos falar em visitas programadas, mas pensamos que era entre ex-casais, pois normalmente, as pessoas não frequentam assim naturalmente a casa da ex-mulher ou do ex-marido, até porque as relações nme costumam ser muito amigáveis... Agora assim??? Um filho nem pode visitar os pais porque tem o filho dele lá a viver? em que mundo vivemos?

Adeus, amor, a mãezinha não sabe se aguenta...

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